segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Feliz Primavera

Aqui em Buenos Aires sempre acontecem coisas interessantes e curiosas. Uma delas é celebrar o dia de hoje. As pessoas dizem umas às outras “Feliz Primavera!” com aquele tom todo animado, até parece aniversário. Dia semelhante foi o dia da secretaria que eu ganhei vários presentinhos. Hoje não ganhei nada, mas recebi muitos desejos felizes.

Agora, falando da parte pessoal, estou numa fase muito boa da minha vida. Finalmente estou terminando de pagar minhas contas geradas pela compra dos móveis e poderei respirar mais aliviada no fim deste mês quando receber meu salário. Sem contar que eu e o Bruno estamos nos dando muito bem. Parece que nos entendemos melhor... talvez seja o tempo mesmo que nos permitiu isso, mas com a vida corrida que nós dois temos, até que fazemos uma dupla dinâmica. Sem contar que eu o amo muito... e eu sei que ele me ama também, porque me aguenta, e cai entre nós, não é tarefa tão fácil assim.

Outra coisa legal é que iremos viajar a Tucumán no natal. Estou super ansiosa! Sim, imaginem, vou conhecer um lugar novo e de passo a toda a família do Bruno! Eu fico meio preocupada (para não dizer preocupada e meia) porque não é fácil ser tão sociável com a família do namorado... ainda com o contexto que vivemos juntos. Mas vamos lá! Isso faz parte da reconstrução da minha vida. E agora, minha vida argentina.

Não contei do tempo! Hoje o dia está maravilhosamente lindo. Espetacular. O sol brilha nesse céuzinho azul limpinho! É até difícil de acreditar que está previsto chuva para amanhã!

E hoje a minha amiga Mariana me disse que virá me visitar na semana do dia 12 de outubro. Tomara que venha mesmo!!! Eu sei que é difícil eu participar de todos os eventos interessantes que acontecerão na cidade no período em que ela estiver aqui, mas pelo menos vou ver rostinho conhecido e isso é muito legal!!! É bom para matar a saudade da minha terra querida.

Falando em saudade da terra querida, no dia 04 de outubro será celebrado o Brazilian Day em Buenos Aires. Claro que eu quero ir! Primeiro porque vou poder comer várias comidinhas deliciosas da minha terrinha, segundo que vou encontrar vários patrícios e terceiro que poderei levar o gordinho do Bruno para se tornar um pouquinho mais brasileiro também. É isso. As novidades estão cheias de flores. A primavera promete!

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Falta pouco!

Gente! Entreguei todos os trabalhos que eu tinha que fazer. Agora estou parcialmente tranqüila. Sim, porque já tenho outros trabalhos da faculdade e ainda por cima comecei a fazer as aulas de literatura e cidade às quartas-feiras. Esse curso é uma espécie de leitura de Buenos Aires através de textos literários.

Eu resolvi fazer esse curso mesmo com toda a loucura de fim de mestrado, trabalho em tempo integral, academia diária e as aulas que dou de português porque acho que é o tipo de curso que distrai a mente e ajuda a entender porquê Buenos Aires é o que é, além de fomentar minha imagem utópica da cidade.

Bom, no sábado dei mais um dia inteiro de aula. Isso é realmente muito gratificante. É cansativo, porque eu acabo trabalhando 6 dias da semana, mas é muito gostoso dar aula. É uma maneira de massagear minha mente e me sentir realizada. Qualquer dia desses eu tiro uma foto com meus alunos para que vocês os conheçam também.

Ah! Eu cortei ainda mais o meu cabelo. Agora tenho franja e me sinto tão diferente que não consegui me acostumar ainda. O Bruno disse que não pareço tão diferente assim, mas é que está bem mais curto do que eu estou acostumada.

Sabe, é muito difícil ficar bonita. Esse negócio de academia todos os dias, comer comida saudável, não poder comer docinhos... meu, é uma coisa muito complicada! Eu admiro muito essas mulheres que aparecem com o corpo sarado, porque isso exige horas e horas de atividade física, sem contar uma alimentação ultra saudável! Sem contar que estou me sentindo meio obcecada por parecer mais jovem. Estou com todos os cremes no rosto, para ver se perco um pouco das marcas de expressão que já tenho!!! Meu Deus! Eu tenho 28 anos e deveria parecer 28 anos!!!

O duro disso tudo é que a barriguinha continua ainda. Nós a chamamos da famosa pochete, e aqui em Buenos Aires, para dizer dessa maneira carinhosa, se diz flota-flota. É isso. Continuo prometendo fotos, mas termino não publicando... por enquanto vocês podem ver no facebook e no orkut.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Chuva de segunda

Cara, a semana passada foi intensa e parece que essa semana também vai dar pano pra manga. Digo isso porque no sábado passado comecei a dar aula o sábado inteiro e agora só tenho domingo para descansar. Mesmo assim gosto dessa loucura toda. No sábado vieram jantar em casa minhas amigas Vicky, Lorena, Sebastián e uma amiga do Bruno, a Lisa, que é uma francesa que morou muitos anos na Colômbia. Nos divertimos muito. É bom estar com gente engraçada e que sabe se divertir. O Bruno fez um macarrão com tomates secos que estava delicioso e depois tomamos vinho e ficamos tagarelando até as 4 da manhã. Acho que os vizinhos me odeiam! Hahahaha

Só que hoje voltou a chover, e o mal humor portenho também. Digo isso porque um dos diretores hoje reclamou comigo que eu não tinha pedido autorização para fazer academia na minha hora de almoço! Eu não acreditei nisso. Um diretor de finanças, que supostamente deveria estar olhando os números do balanço, me chamou na sala dele e reclamou comigo que eu saí para fazer academia às 11h da manhã!!! Se ele tivesse dito “olha, será que você não poderia fazer ginásio mais tarde” eu até entenderia. Só que o problema é que a outra secretária que trabalha do meu lado também tem que almoçar, então eu sempre saí cedo porque era para dar o espaço para ela almoçar também.

Bom, pelo visto ele está com ódio dos brasileiros por ter perdido o jogo de futebol no sábado em Rosário. Acho que nada mais delicioso que ganhar dos argentinos na casa deles. Sabe, eu adoro o país, tenho amigos muito queridos, só que tem gente que me faz eu ter um orgulho exacerbado de ser brasileira. Sim, porque às vezes eu sinceramente penso que os brasileiros são mais práticos e mais resolvidos que os argentinos.

Por falar em jogo, foi muito engraçado, porque no sábado nós nos inteirávamos dos gols quando o povo gritava “noooooooooooo” bem gutural, saído da alma. É, foram 3 “noooooooooooooooooo”s e acho que ninguém comemorou o único gol da Argentina, porque não ouvi grito nenhum.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Eita chuva!

Puxa! Os dias estão bem corridinhos! Esse negócio de acordar cedinho todos os dias, trabalhar, fazer academia na hora do almoço, estudar um mestrado (que graças a Deus termina em 15 semanas!) e ainda por cima fazer aulas de literatura (uff!) não é para qualquer um. Ah, esqueci de anotar que sou eu quem limpo e lavo minha casa e ainda encontro um tempinho para namorar. Mas, a minha barriga continua no mesmo lugar. Sabe, eu achava que depois de 1 mês eu poderia ver algum resultado, mas nada visual ainda. Será que eu estava tão gorda assim? Bom... saberei com o tempo. De qualquer maneira não vou desistir dessa vida saudável que eu adotei.

Por falar em curso de literatura, na próxima aula vamos ler textos de Walter Benjamin, George Perec, Jorge Luis Borges, Carlos Gamerro e Beatriz Sarlo. Acho que vai ser super legal, porque é focado em diversas maneiras de olhar a cidade e como compreendê-la. Tenho muitas expectativas, primeiro porque adoro o tema, segundo porque eu sou estrangeira e tenho um olhar diferente do que é uma cidade e o que representa. Pelo menos eu vejo Buenos Aires e São Paulo de uma maneira diferente. E o terceiro motivo é que a literatura é uma ótima maneira de me fazer despegar do chão, da cidade, de tudo. E também estou aprendendo um pouco mais da Nouvelle Vague, ok, é sobre cinema, mas eu fiz o link pela temática. Gosto do frescor da idéia.
E por último. Li esse texto que gostei muito.

Deusas do cotidiano de Sérgio Vaz publicado no dia 10/03/2009 na página http://diplo.uol.com.br/2009-03,a2805 .

“De todos os hinos entoados em louvor às revoluções nos campos de batalhas, nenhum, por mais belo que seja, tem a força das canções de ninar cantada no colo das mães”

O nome dessas mulheres eu não sei, não lembro e nem preciso saber. São nomes comuns, em meio a tantos outros espalhados por esse chão duro chamado Brasil.

Mas a maioria delas eu conheço bem, são donas de um mesmo destino: as miseráveis que roubam remédios para aliviar as angústias dos filhos. É quando a pobreza não é dor, é angústia também. São as ladras de Victor Hugo.

Donas da insustentável leveza do ser, as infantes guerreiras enfrentam a lei da gravidade. Permanecem de pé ante aos dragões comedores de sonhos que escondem na gravidade da lei. Das trincheiras do ninho enfrentam moinhos de mós afiadas para protegerem a pança dos pequeninos. São as Quixotes de Miguel de Cervantes.

Místicas, não raro, estão sempre nuas em sentimentos. Quando precisam, cruas, esmolam com o corpo, e se postam à espera do punhal do prazer que cravam no seu ventre.

É quando o prazer humilha. São as habitantes do inferno de Dante. Rainhas de castelos de madeiras, sustentam os filhos como príncipes, e os protegem da fome, do frio, e da vida dura e cruel que insiste em bater na porta das mulheres de panela vazia.Quanto aos reis, também são os mesmos: os covardes dos vinhos da ira.

Mágicas, esses anjos se transformam em rochas, quando a vida pede grão de areia.

Em flores quando rastejam e espinhos quando protegem.

Essas mulheres são aquelas que limpam tapetes, mas não admitem serem pisadas.

São domésticas, mas não admitem serem domesticadas.

Sim, são as deusas do dia a dia.