segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Das coisas que só um brioche entende...

Eu sou a borboletinha parada no seu jardim. Você é meu brioche matinal sobre a mesa. Juntos, o tempo voa. Longe, se perde em minhas asas. Voe em mim brioche. Venha durante o dia. Vem me fazer feliz. É tão bom comer sua frutinha.

O tempo passa voando

Dia 12 foi meu aniversário, mas eu estou comemorando antes mesmo dessa data. Meus dias têm sido incríveis. Redescobri minha juventude, passei bastante tempo com a minha mãe e temos feito muitos passeios por Buenos Aires. Somos eternas turistas aqui. Também estou dando um passo muito importante na minha vida aqui que é comprar a casa própria. Definitivamente eu pertenço a este lugar e estou muito feliz por isso. Também estou cozinhando muito e finalmente estou aprendendo a fazer comidas um pouco mais gostosas, mas muito nutritivas. Tanto é que perdi mais um quilinho nos últimos tempos e o Gustavo está cada vez mais magro e com energia. O problema é que ele ainda continua muito estressado e eu não posso fazer mais do que melhorar a comida dele e tentar deixar o resto da vida dele um pouco mais tranquila. Mas confesso que é um pouco cansativo. Mas eu sou uma pessoa de muita sorte. Tenho tempo para cultivar minhas amizades, preparar minha comida e sair. Acho que poucas pessoas têm uma vida como a minha. Escuto muita música, assisto filmes alternativos, leio sobre muitas cosas, inclusive sobre comida. Com minha mãe aqui fazemos muitas coisas: compras, passeios, shows, museus, teatro, cozinhamos e conversamos muito. Ainda bem que eu tenho tempo para estar com ela. Hoje vim dar aula em Pacheco e chovia muito no caminho. Cheguei molhada e com frio, mas nem por isso fiquei triste: meu guarda-chuva não virou com o vendaval e minhas alunas estavam super entusiasmadas porque inauguram o comedor novo hoje e me convidaram para ir: ou seja, tenho um almoço delicioso me esperando e de graça. Até os porteiros, que no dia do meu aniversário cantaram happy birthday to you em inglês mesmo, quando me viram abriram um grande sorriso e brincaram comigo, a coisa de espantar todo e qualquer mal humor que possa ter sentido no caminho. Ah! E algo curioso que me aconteceu ontem: a caminho do bairro chino, umas garotas nos pararam para pedir para tirar foto e filmar a roupa que estávamos usando. Detalhe, minha mãe estava usando uma saia que eu lhe emprestei e eu usava uma saia/shorts colorida com tênis de academia ahahaha. Nada de maravilhoso, mas era para um programa famoso que passa em um canal de televisão local sobre o que as mulheres usam no dia a dia. E para terminar, no mercado que fomos de comida, 2 pessoas me pararam para fazer perguntas sobre ingredientes saudáveis e como usar na alimentação das crianças. Tô ficando metida depois de tudo isso!

domingo, 2 de novembro de 2014

Um domingo qualquer

Ué, voltei a escrever? Na verdade, nunca deixei de escrever. Tenho palavras e letras espalhadas por todos lados e o que sim não tenho feito ultimamente foi canalizar tudo isso em um mesmo lugar: neste blog. Aliás, para confessar bem a verdade, eu tinha esquecido completamente que escrevia aqui. E não tem uma explicação muito precisa. O que sim me fez recordar este blog foi meu querido amigo Santiago que não só leu, como também comentou coisas muito curiosas sobre meu passado. Obrigada. Nós somos mesmo feitos de história e ideias, se procuramos, encontramos coisas que nem imaginamos que existem. Pois bem, hoje o dia está um cacareco aqui em Buenos Aires. Chove, faz frio, minha família está na maior festança em São Paulo comemorando o aniversário de 80 anos do meu avô e os 60 anos de casados. Tudo muito lindo e gostoso (pelo que já vi nas fotos). A única coisa minha que está lá é a minha foto, para que mesmo simbolicamente eu participe da festa. Talvez uma ou outra lembrança também esteja lá, talvez. A sensação que tenho é a de que hoje poderia ser perfeitamente um dia como dos quadrinhos do Eternauta. Quem não leu, deveria conhecer. É de ficção científica, coisa que eu não gosto muito, mas por incrível que pareça, me fisgou. Nos quadrinhos cai uma neve radioativa que mata todas as pessoas que a tocam. A chuva aqui está tão pesada e faz tantos dias que chove, que poderia até pensar que algo está errado com o mundo. Poderia chover assim em São Paulo, mais precisamente na Cantareira. Combina com este domingo escutar Rostropovich. E é o que estou fazendo. Enquanto escrevo, escuto e tenho os pensamentos em todos lados. Aqui, em São Paulo e em La Lucila. O que o mundo está fazendo agora, enquanto eu escuto e escrevo? É uma curiosidade que tenho. E não vou fazer uma retrospectiva de tudo o que aconteceu desde o último post. Aconteceram muitas coisas. A grande maioria, coisas boas. A vida segue seu caminho, tranquila e algumas vezes até surpreendente. Eu estou bem feliz. Tenho mais amigos, estou com tempo para cultivar estas amizades e ando por aí com a cabeça nas nuvens. Será que é por causa do meu aniversário que está chegando? Sei lá. Estou feliz com isso também. Difícil admitir que vou completar 34 primaveras. Meu Deus! Tudo isso. Se bem a idade não conta, eu me sinto muito mais jovem que anos atrás. O tempo também faz bem às pessoas.

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Retrospectiva

Estes dias têm sido uma loucura para mim. Muita mudança, expectativas, entrevistas, pensamentos loucos, tudo ao mesmo tempo. Sinceramente agradeço o fato de não estar trabalhando na agência onde estava, senão seria praticamente impossível fazer 1/5 de tudo o que eu tinha que fazer. E como a Cláudia sugeriu, comecei a escrever uma retrospectiva do que aconteceu nesses cinco anos de Argentina. Faz dias que eu vinha com isso na cabeça, mas como hoje fui até a zona norte para uma reunião, aproveitei para passar no meu velho apartamento e dar um abraço no meu ex porteiro. Tenho que admitir que vivi esses cinco anos da maneira mais intensa possível e por isso é que ficou um pouco complicado repassar tudo isso. Então dividi em grande assuntos, para organizar o pensamento. Educação: aqui em Buenos Aires eu fiz um mestrado em comunicação empresarial. Inclusive esse foi o pretexto racional para passar um tempo em Buenos Aires. Terminei em 2009, mas não fiz a monografia. Ok, não é tão difícil assim, mas ainda não vi necessidade de ter esse diploma na minha mão e como eu padeci muito para passar dois anos aí, me rebelei na hora da monografia. Trabalho: minha vida profissional aqui foi de altos e baixos. Comecei dando aula de português em uma escolinha beeeeeeeeeem longe da minha casa, até que a UBA me chamou logo nos primeiros meses de Argentina. Descobri o prazer de dar aulas sobre minha cultura e meu idioma e já formei muitos argentinos que não só falam português em suas férias, como também trabalham usando o idioma e outros que conseguiram melhores cargos graças ao português. Além das aulas também trabalhei como tradutora freelancer para muitas empresas grandes. Paralelo às aulas de português, eu continuei trabalhando em empresas. A primeira foi para a SAP, em um projeto específico de Marketing que durou 6 meses. Logo depois trabalhei para a Nidera como secretária executiva durante 1 ano e oito meses. Esse foi um dos melhores lugares que eu já trabalhei. Ambiente tranquilo, gente educada, salário acima da média, liberdade. Mas troquei tudo isso porque achava que tinha que usar mais minha capacidade e foi aí que apareceu a Avon, me procurando para trabalhar na área de criativos regional. Desde o início aí foi complicado, mas depois tudo se acomodou. Pela Avon viajei a trabalho para São Paulo, fui feliz enquanto fazia dupla com a Karina, uma diretora de arte muito legal e inteligente. Até que um dia mudou tudo na empresa e minha área praticamente deixou de existir. Fiquei uns 6 meses desempenhando funções nada a ver com minha personalidade (muito menos minha formação) até que, depois de 2 anos e sete meses, procurei trabalho. Foi aí que fui selecionada pela W3 para ser redatora, mas nosso contrato não durou mais que 2 meses. E foi muito estranho, confesso, só que agora não tenho vontade de falar sobre isso. Amizades: os argentinos nos geral são muito amistosos, mas não pense que é fácil fazer amigos. Principalmente entre mulheres. Já cheguei até a escutar que já tinham amigos suficientes e que não precisavam de mais nenhum. E sim, esse comentário veio aleatório e sem nenhum contexto, já que eu nunca ofereci minha amizade como se fosse um produto à venda. Aqui é fácil encontrar gente para sair, tomar uma cerveja, falar bobeiras, mas amizade profunda é muito difícil. Por isso tenho poucas, mas muito valiosas. Ah! E em Buenos Aires também é fácil encontrar inimigos. Só de lembrar do meu ex vizinho de San Isidro que chegou a me ameaçar de morte só porque escutava barulhos estranhos que eu não fazia. Isso foi insólito. Amor: aqui vivi dois grandes amores. O primeiro foi meu ex namorado, que ficamos juntos por quase 4 anos. Fomos muito felizes, até que por divergências da vida nos separamos, ainda bem que nos separamos em bons termos, mas não deixou de ser um baque para mim. Sofri muito, embora a decisão fosse minha. Eu queria projetar um futuro em família, ter filhos e viver uma vida mais regrada e ele era muito mais boêmio, não colocava em prática suas ideias, começava cursos diversos e nunca terminava. E com o tempo isso foi me incomodando mais. Até o fatídico fim. Só que quem pensa que terminar um amor significa que não vai encontrar outro amor, se engana. Ou eu tive muita sorte. Pois o amor novamente me estava esperando ali na esquina e do jeito que eu queria. Na verdade eu conheço meu atual namorado há cinco anos, mas ficamos sem nos falar durante todo esse período em que eu estava namorando (e ele também). Até que um dia, por facebook ele resolveu perguntar como eu estava e saímos para jantar, conversamos tanto e ficamos de boca aberta como uma pessoa praticamente desconhecida, de repente era tão conhecida. E desde esse dia nunca mais desgrudamos. Até academia fazemos juntos. E sinto que verdadeiramente encontrei a companhia que eu precisava. Pois além de tudo isso, ele também pensa em formar família. Vivenda: essa foi uma das partes mais complicadas. Primeiro morei nas aforas de Buenos Aires, na zona sul em uma região mais humilde (não eram pobres, mas sim simples). Depois de uma sacanagem da dona (pois como eu não tinha contrato de aluguel, um dia resolvei duplicar o valor ao preço de um apartamento na Capital e com metrô na porta) fui procurar apartamento com o meu atual namorado e encontramos em Caballito, pleno centro da cidade de Buenos Aires (centro do mapa, melhor dizendo, pois fica bem no meio da cidade). Moramos aí quase dois anos, quando eu consegui emprego na Avon (que fica na zona norte) nos mudamos para San Isidro. E foi aí que me apaixonei pela zona norte. Adorei minha casa em San Isidro. Toda de vidro, ampla, moderna, branquinha, aconchegante. Quando penso nela automaticamente penso na maravilhosa sacada que dava de frente para a Catedral e nas noites de lua cheia eu me sentava aí só para contemplar a beleza da natureza. Sem contar nos dias de tormenta. Que lindo que era ver os raios e a chuva e estar dentro de casa bem quentinha. Fiquei aí quase 2 anos, até q me separei do namorado e procurei um apartamento menor e mais barato. E fui viver em Belgrano, no ex apartamento de uma colega da Avon. Uma belezinha também, só que menor e na Capital. O legal daí era a proximidade da casa do meu namorado e principalmente porque podíamos passear pela cidade e ir aos eventos que acontece aqui. Agora que acabei de me mudar para a casa do namorado, confirmaram a venda do apartamento dele e provavelmente nos próximos 2 ou 3 meses eu me mudo de novo, só que com ele para um apartamento bem maior em Palermo. Ainda assim com todo esse movimento, eu gosto de morar em Buenos Aires e para mim ainda não é momento de por um ponto final na minha experiência aqui. Isso não significa que eu não sinta saudade de familiares e amigos. Pelo contrário. Queria poder compartilhar com eles cada detalhe. Só que agora compartilhamos de forma diferente. E eu sei que esse momento sem trabalho é só um período. Como todo ciclo tem seu fim, eu estou esperando paciente até conseguir um novo trabalho. Até lá, vou fazendo minhas costurinhas, dando aulas, passeando e sendo feliz. Porque eu realmente acho que um dia vou sentir falta desse momento que eu não tinha grandes obrigações 