quarta-feira, 29 de maio de 2013

Retrospectiva

Estes dias têm sido uma loucura para mim. Muita mudança, expectativas, entrevistas, pensamentos loucos, tudo ao mesmo tempo. Sinceramente agradeço o fato de não estar trabalhando na agência onde estava, senão seria praticamente impossível fazer 1/5 de tudo o que eu tinha que fazer. E como a Cláudia sugeriu, comecei a escrever uma retrospectiva do que aconteceu nesses cinco anos de Argentina. Faz dias que eu vinha com isso na cabeça, mas como hoje fui até a zona norte para uma reunião, aproveitei para passar no meu velho apartamento e dar um abraço no meu ex porteiro. Tenho que admitir que vivi esses cinco anos da maneira mais intensa possível e por isso é que ficou um pouco complicado repassar tudo isso. Então dividi em grande assuntos, para organizar o pensamento. Educação: aqui em Buenos Aires eu fiz um mestrado em comunicação empresarial. Inclusive esse foi o pretexto racional para passar um tempo em Buenos Aires. Terminei em 2009, mas não fiz a monografia. Ok, não é tão difícil assim, mas ainda não vi necessidade de ter esse diploma na minha mão e como eu padeci muito para passar dois anos aí, me rebelei na hora da monografia. Trabalho: minha vida profissional aqui foi de altos e baixos. Comecei dando aula de português em uma escolinha beeeeeeeeeem longe da minha casa, até que a UBA me chamou logo nos primeiros meses de Argentina. Descobri o prazer de dar aulas sobre minha cultura e meu idioma e já formei muitos argentinos que não só falam português em suas férias, como também trabalham usando o idioma e outros que conseguiram melhores cargos graças ao português. Além das aulas também trabalhei como tradutora freelancer para muitas empresas grandes. Paralelo às aulas de português, eu continuei trabalhando em empresas. A primeira foi para a SAP, em um projeto específico de Marketing que durou 6 meses. Logo depois trabalhei para a Nidera como secretária executiva durante 1 ano e oito meses. Esse foi um dos melhores lugares que eu já trabalhei. Ambiente tranquilo, gente educada, salário acima da média, liberdade. Mas troquei tudo isso porque achava que tinha que usar mais minha capacidade e foi aí que apareceu a Avon, me procurando para trabalhar na área de criativos regional. Desde o início aí foi complicado, mas depois tudo se acomodou. Pela Avon viajei a trabalho para São Paulo, fui feliz enquanto fazia dupla com a Karina, uma diretora de arte muito legal e inteligente. Até que um dia mudou tudo na empresa e minha área praticamente deixou de existir. Fiquei uns 6 meses desempenhando funções nada a ver com minha personalidade (muito menos minha formação) até que, depois de 2 anos e sete meses, procurei trabalho. Foi aí que fui selecionada pela W3 para ser redatora, mas nosso contrato não durou mais que 2 meses. E foi muito estranho, confesso, só que agora não tenho vontade de falar sobre isso. Amizades: os argentinos nos geral são muito amistosos, mas não pense que é fácil fazer amigos. Principalmente entre mulheres. Já cheguei até a escutar que já tinham amigos suficientes e que não precisavam de mais nenhum. E sim, esse comentário veio aleatório e sem nenhum contexto, já que eu nunca ofereci minha amizade como se fosse um produto à venda. Aqui é fácil encontrar gente para sair, tomar uma cerveja, falar bobeiras, mas amizade profunda é muito difícil. Por isso tenho poucas, mas muito valiosas. Ah! E em Buenos Aires também é fácil encontrar inimigos. Só de lembrar do meu ex vizinho de San Isidro que chegou a me ameaçar de morte só porque escutava barulhos estranhos que eu não fazia. Isso foi insólito. Amor: aqui vivi dois grandes amores. O primeiro foi meu ex namorado, que ficamos juntos por quase 4 anos. Fomos muito felizes, até que por divergências da vida nos separamos, ainda bem que nos separamos em bons termos, mas não deixou de ser um baque para mim. Sofri muito, embora a decisão fosse minha. Eu queria projetar um futuro em família, ter filhos e viver uma vida mais regrada e ele era muito mais boêmio, não colocava em prática suas ideias, começava cursos diversos e nunca terminava. E com o tempo isso foi me incomodando mais. Até o fatídico fim. Só que quem pensa que terminar um amor significa que não vai encontrar outro amor, se engana. Ou eu tive muita sorte. Pois o amor novamente me estava esperando ali na esquina e do jeito que eu queria. Na verdade eu conheço meu atual namorado há cinco anos, mas ficamos sem nos falar durante todo esse período em que eu estava namorando (e ele também). Até que um dia, por facebook ele resolveu perguntar como eu estava e saímos para jantar, conversamos tanto e ficamos de boca aberta como uma pessoa praticamente desconhecida, de repente era tão conhecida. E desde esse dia nunca mais desgrudamos. Até academia fazemos juntos. E sinto que verdadeiramente encontrei a companhia que eu precisava. Pois além de tudo isso, ele também pensa em formar família. Vivenda: essa foi uma das partes mais complicadas. Primeiro morei nas aforas de Buenos Aires, na zona sul em uma região mais humilde (não eram pobres, mas sim simples). Depois de uma sacanagem da dona (pois como eu não tinha contrato de aluguel, um dia resolvei duplicar o valor ao preço de um apartamento na Capital e com metrô na porta) fui procurar apartamento com o meu atual namorado e encontramos em Caballito, pleno centro da cidade de Buenos Aires (centro do mapa, melhor dizendo, pois fica bem no meio da cidade). Moramos aí quase dois anos, quando eu consegui emprego na Avon (que fica na zona norte) nos mudamos para San Isidro. E foi aí que me apaixonei pela zona norte. Adorei minha casa em San Isidro. Toda de vidro, ampla, moderna, branquinha, aconchegante. Quando penso nela automaticamente penso na maravilhosa sacada que dava de frente para a Catedral e nas noites de lua cheia eu me sentava aí só para contemplar a beleza da natureza. Sem contar nos dias de tormenta. Que lindo que era ver os raios e a chuva e estar dentro de casa bem quentinha. Fiquei aí quase 2 anos, até q me separei do namorado e procurei um apartamento menor e mais barato. E fui viver em Belgrano, no ex apartamento de uma colega da Avon. Uma belezinha também, só que menor e na Capital. O legal daí era a proximidade da casa do meu namorado e principalmente porque podíamos passear pela cidade e ir aos eventos que acontece aqui. Agora que acabei de me mudar para a casa do namorado, confirmaram a venda do apartamento dele e provavelmente nos próximos 2 ou 3 meses eu me mudo de novo, só que com ele para um apartamento bem maior em Palermo. Ainda assim com todo esse movimento, eu gosto de morar em Buenos Aires e para mim ainda não é momento de por um ponto final na minha experiência aqui. Isso não significa que eu não sinta saudade de familiares e amigos. Pelo contrário. Queria poder compartilhar com eles cada detalhe. Só que agora compartilhamos de forma diferente. E eu sei que esse momento sem trabalho é só um período. Como todo ciclo tem seu fim, eu estou esperando paciente até conseguir um novo trabalho. Até lá, vou fazendo minhas costurinhas, dando aulas, passeando e sendo feliz. Porque eu realmente acho que um dia vou sentir falta desse momento que eu não tinha grandes obrigações 

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Mais uma sexta-feira

Sexta-feira chuvosa. Daqueles dias de pura preguiçinha. Só que não. Hoje dei uma organizada na minha casa, já que neste fim de semana começa o plano de mudança. Isso mesmo, no fim do mês me mudo para a casa do Gustavo e a gente tem que organizar para entrar tudo lá. Eu tenho muitas coisas, algumas vou vender, como a geladeira, a mesa e o sofá, mas tem outras coisas que não vou me desfazer por enquanto. Vontade mesmo eu não tenho, mas também não tenho escolha. O bom é que ontem tivemos uma ideia bem legal. Vamos começar a fazer um negócio juntos. Vou usar minha máquina de costurar para fazer almofadas e vender pela internet. Vamos ver no que dá. Acho que posso fazer coisinhas lindas, pois tenho bom gosto e sou caprichada. A única coisa é que ainda preciso aprender a usar direito a máquina. Minha costura reta ainda não sai em linha reta hehehe. Fora isso tudo bem. Hoje já estou de muito bom humor. Fiz uma vitamina de abacate, só para lembrar meus velhos tempos de Brasil, quando meu pai preparava para a gente e só eu acabava tomando. Bons tempos. Sinceramente estou frágil ainda. Mas de bom humor, o que é muito importante. E hoje também bordei uma toalhinha, bem delicada que quando terminar coloco foto. E falta a foto da almofadinha que eu fiz ontem. Pouco a pouco vou me encontrando nessa nova vida. Ah! Domingo vamos cumprir um ano juntos. Não é louco estar com alguém que parece que conheço a vida inteira? Agradeço a Deus pelo companheiro, que me está dando toda a força e ânimo do mundo. Para ele, uma musiquinha tão linda que representa bem o nosso amor: Pra você guardei o amor.


quinta-feira, 2 de maio de 2013

Voltei!

Olá! Puxa vida, faz tanto tempo que eu não escrevo no blog que provavelmente ninguém mais lê. Enfim, eu estou de volta, escrevendo para mim mesma. Há cinco anos atrás eu vim para Buenos Aires, em uma tentativa louca de buscar felicidade. Sim, porque ninguém vai para um país pobre esperando ficar rico hehehe. E posso dizer que sim encontrei muita felicidade aqui. E algumas tristezas também. Bom, a ideia não era fazer um balanço de como tem sido nesse período que estou aqui. Eu quero é esvaziar um pouco os pensamentos que tenho na cabeça, então imagino que agora vai ser uma espécie de passado e futuro tudo junto, em um vertiginoso derrame de palavras, que sinceramente não vou cuidar. Vou deixar que as palavras me guiem. E para começar, um fato marcante na minha vida é que estou desempregada. Isso mesmo. Eu, que cheguei a ter três trabalhos ao mesmo tempo, depois de tantas noites mal dormidas e tantos fins de semana colada em um computador, agora estou oficialmente sem ter o que fazer. Pera aí, não é bem assim, pois agora tenho todo o tempo para fazer as coisas que sempre quis fazer e que nunca tive tempo. A primeira medida foi comprar uma máquina de costura. Eu ainda não sei costurar nada e faz uma semana que aprendi a usar o ponto reto da máquina, mas hoje consegui fazer minha primeira almofadinha. Fiquei tão feliz! Eu sempre quis aprender a costurar e nunca encontrei tempo, nem o dinheiro para ter uma máquina, nem o espaço. E agora, pelo menos um dos itens eu tenho: tempo. E ainda por cima posso passar horas no Pinterest buscando outras imagens para me inspirar. É óbvio que isso é uma clara evasão da minha triste realidade: desempregada e sem dinheiro não posso pagar o aluguel... logo, fim do mês estou indo morar na casa do meu namorado. O difícil dessa história toda é que não era o que eu planejava fazer. A casa dele não tem muito espaço para mim... e mesmo tentando adaptar, não acho que vou poder me sentir em casa. Ou talvez sim, sei lá. A casa dele é pequena... e eu tenho que me desfazer de praticamente tudo o que tenho. Mas aí tem algo legal, que vale a pena resgatar: o esforço do Gugu. Ele vai continuar me pagando a academia e vai me receber na sua casa com todo o amor do mundo. E nessa coisa toda, eu me sinto muito amada e cuidada por ele. Um esforço enorme para alguém batalhador como o Gustavo. A gente ainda vai completar um ano juntos, mas a verdade é que parece que estamos juntos a vida inteira. E ele ainda aguenta toda a minha loucura. Ah! Outra coisa que posso resgatar desse processo: estou aprendendo a cozinhar e a fazer comida saudável e gostosa. Isso é bom, pois pelo menos mantenho a saúde em dia. E também voltei a bordar. Retomei projetos parados há anos. E agora que não tenho casa própria, pelo menos encontrei uma forma de sonhar com minha casa e fazer um lar. Quem sabe esse não seja o caminho? PS1: escrevo essas palavras tomando um delicioso chá que trouxe do Brasil de erva cidreira, só para lembrar meus dias de infância na casa da minha vó Marcela em Mineiros do Tietê. Cada gole é uma lembrança de onde íamos juntas buscar o tão delicioso matinho para o chá. Uma época tão boa e tão linda que tenho guardada no coração. PS2: Desta vez escrevo sem trilha sonora para não chorar. Desculpem, mas eu ando muito frágil. PS3: Daqui a pouco vou à academia com o Gus. Um santo homem que até nisso me acompanha. E tchau tristeza!